Pioneiro da Engenharia de Pesca no Amazonas prepara lançamento de e-book no Idam

Paulo Ramos Rolim assinou o contrato de trabalho em 2 de junho de 1975. São 47 anos de extensão rural no Amazonas. Nascido no povoado Jeritacó, município de Ibimirim, no Rio Moxotó, Pernambuco, formou-se em Engenharia de Pesca na cidade de Recife, em 1974, na primeira turma do Brasil. Atraído pela grande produção de peixe em águas interiores, em 1975 aceitou o grande desafio de trazer e compartilhar seus conhecimentos no maior estado do Brasil.

Aos 74 anos é o funcionário mais antigo do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas – IDAM, e decidiu compartilhar algumas das muitas experiências e vitórias das quase cinco décadas de vida dedicadas ao Setor Primário amazonense. Entre tantos êxitos, um dos mais relevantes é o movimento que reorganizou as Colônias de pescadores e, em ato contínuo, identificou e ajudou a eleger um pescador (Walzenir Falcão) para representar os pescadores, função historicamente ocupada, por indicados políticos, militares ou donos de embarcações (armadores).

É pioneiro no setor pesqueiro em toda a Amazônia. No Governo de José Lindoso, iniciou da década de 1980, introduziu a piscicultura no Amazonas, com o cadastro de 67 pessoas para atividade. Entre 19885 e 1987 foi o administrador da Superintendência de Desenvolvimento de Pesca (Sudepe – AM), período no qual gerenciou a elaboração do curso superior de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o terceiro do Brasil.

Em 1992, coordenou a elaboração do primeiro Sistema de Produção para Criação de Tambaqui na Amazônia e integrou a equipe que escolheu o local para a instalação da Estação de Piscicultura de Balbina, município Presidente Figueiredo.

Já em 1995 contribuiu com o livro ‘Criando Peixes na Amazônia’, e em seguida, com um estudo científico, publicado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), ambos coordenados pelo Professor Pós Doutor Adalberto Luiz Val no Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA).

Mestre Rolim, como é conhecido, tem diversas contribuições com a sociedade amazonense, seja como Engenheiro de Pesca, orientando os trabalhos de piscicultura, seja como representante do setor, que até a década de 1970 ainda não o tinha devido reconhecimento.

Participações nas criações das colônias

Foi assim, motivado pelos próprios pescadores, que encabeçou a criação das seis primeiras entidades representativas da categoria, as chamadas colônias: Colônia de Pescadores de Parintins, de Maués, de Itacoatiara, de Manaus, de Manacapuru e de Tefé, que serviram de parâmetro para todos os demais municípios criarem posteriormente.

“Foi um tempo de muita movimentação política para consolidar os pescadores como categoria, para reconhecer o pescador amazonense pela sua importância para nossa sociedade. Até os terrenos nós conseguimos viabilizar junto aos prefeitos da época. A maioria tem sede própria com nossa ajuda”, comemora.

Legado também no baixo Amazonas

Outro caso de importância, foi a criação da primeira e Cooperativa de Pesca do Baixo Amazonas. “Já havia exemplos de cooperativas em outros segmentos. Estudamos a organização e o funcionamento e decidimos que naquele momento somente uma cooperativa seria criada. Estávamos certos”, relembra Rolin.

Essas e outras histórias de grande importância para o extensão rural amazonense, nesses 47 anos de trabalho, estão no E-BOOK, a ser lançado ainda no mês de junho, na sede do IDAM. O Livro ‘EXTENSÃO RURAL – INFORMES AFINS’ é uma coleta das ferramentas (folders, cartilhas, informes e publicações especificas) utilizadas pelos extensionistas rurais no desenvolvimento do Setor Primário do Amazonas.

“Esse trabalho é de interesse mundial, pois a Amazônia é de interesse mundial. Reunimos informações que ensinam como fazer a extensão rural em qualquer parte do planeta. Estamos muito felizes com mais essa contribuição. É nosso cartão de boas-vindas a quem assume essa importante missão de levar conhecimento aos agricultores familiares”, enfatiza Rolim, se referindo aos 227 novos e empossados funcionários do IDAM. “Que sejam bem vindos e que Deus mantenha, os que são extensionistas por vocação”, finaliza.