PAC – Embrapa e Idam levam tecnologias agropecuárias ao interior do AM

Uma maior interação entre a pesquisa agropecuária e a extensão rural no Estado está sendo viabilizada com recursos do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa – PAC Embrapa. Por meio de recursos desse programa e de uma agenda comum entre a Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam) foram programadas ações que prosseguem até o final do ano, para levar aos agricultores tecnologias desenvolvidas ou adaptadas para a região.
“A Embrapa está sendo chamada a contribuir com seus conhecimentos e tecnologias em diversos programas do Governo Federal e o sistema de assistência técnica e extensão rural em cada Estado é o elo fundamental para que esses conhecimentos cheguem de fato aos agricultores,”, explica a chefe-adjunta de Comunicação e Negócios da Embrapa Amazônia Ocidental, Mirza Pereira.
Para o presidente do Idam, Edson Barcelos, essa maior aproximação entre pesquisa e extensão sempre foi necessária. “Esta oportunidade representa a concretização de uma expectativa tanto por parte dos pesquisadores, mas principalmente por parte dos extensionistas, é uma oportunidade de troca de experiências para ambos os atores e se constitui na melhor estratégia de acelerar a transferência de conhecimentos gerados pela pesquisa aos produtores, tendo o extensionista como o vetor do processo “, afirma.
A primeira ação deste ano foi iniciada em Lábrea, em maio, com um plantio demonstrativo de novas variedades de feijão caupi (popularmente conhecido como feijão de praia), que se destacam pela ótima produtividade e maior valor nutricional. Nesse cultivo, os agricultores e técnicos acompanharão nos próximos meses o desenvolvimento da cultura recebendo capacitação, onde serão abordadas práticas de manejo, colheita, secagem de grãos e armazenamento de sementes.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Ricardo Pupo, responsável por pesquisas com culturas alimentares, explica que com o plantio demonstrativo e os cursos de capacitação pretende-se apresentar aos técnicos e produtores o desempenho de novos materiais genéticos, mais nutritivos, mais produtivos e resistentes a doenças, e o cultivo em diferentes tipos de espaçamento e de manejo. Está previsto um curso de capacitação sobre feijão caupi para o mês de julho em Lábrea.
A indicação dos municípios foi feita pelo Idam levando em conta o perfil de demanda dos produtores e a produção existente. Lábrea, por exemplo, é o maior produtor de feijão caupi no Estado, com aproximadamente 1.200 produtores que cultivam 640 hectares e produziram 576 toneladas na safra 2007/2008, segundo dados do Idam.
O Amazonas produz aproximadamente 4 mil toneladas de feijão de praia, principalmente nas várzeas e o município de Lábrea e comunidades do entorno no Purus contribuem com 800 toneladas, ou seja, 20%, para esse total. Em geral, em terra firme, a média de produtividade é 300 a 350 quilos por hectare (kg/ha) mas na várzea alcança 800 kg/ha. Com a adoção das práticas de manejo e utilização de cultivares adequadas recomendadas pela Embrapa, é possível alcançar produtividades acima de 1.000 kg/ha.

Programação – Estão previstas atividades de transferência de tecnologia pelo PAC Embrapa em mais municípios do Amazonas tendo como temas cultivos de milho, mandioca, criação de pequenos animais e integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros.
Mirza Pereira informou que a partir deste mês de junho essas as ações vão ocorrer também nos municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte e Tabatinga, com Unidades Demonstrativas de tecnologias para milho, de junho a setembro, em cada um desses municípios. A escolha por esta cultura atende uma intenção da Secretaria de Produção Rural (Sepror) em estimular a produção de milho naquela região e reativar uma fábrica de ração para peixes no Alto Solimões, o que abre oportunidades aos agricultores para investirem na produção de milho que é um dos componentes da ração.
Também estão previstas atividades de transferência de tecnologia relacionadas ao sistema de integração lavoura pecuária e floresta, que concilia a preservação ambiental com a ocupação da propriedade rural de forma produtiva. Em agosto iniciam atividades para transferência de tecnologias para mandioca em Tefé e Alvarães.
“É importante registrar que não se está pensando em tornar o Amazonas um grande produtor de alimentos, grandeexportador, mas sim buscar num primeiro momento a auto-suficiência naquilo que for possível e ao longo do tempo, e desde que não seja muito tempo, identificar oportunidades, produtos, atividades em que a região apresente vantagens competitivase/ou comparativas que venham a servir de carro chefe para um maior avanço do setor, uma maior oportunidade de geração de ocupação e renda, de maneira sustentável”, enfatizou o presidente do Idam, Edson Barcelos.
Com o uso das tecnologias desenvolvidas pela pesquisa agropecuária é possível conciliar a maior produtividade, com a economia de recursos naturais, e melhor aproveitamento das áreas de florestas já alteradas, especialmentedando ocupação para a mão-de-obra local, sem necessidade de novos desmatamentos.