Mal uso de agrotóxicos pode prejudicar consumidor

Os agrotóxicos ou defensivos agrícolas como são chamados, indispensáveis nos grandes empreendimentos agropecuários, são substâncias químicas utilizadas na agricultura moderna, destinadas a exterminar, controlar ou combater pragas (insetos, ervas daninha, roedores, doenças e formigas), além de conservar e provocar o amadurecimento dos alimentos. Nas lavouras e pomares de extensas áreas é indispensável o uso de agrotóxicos, uma vez que são eles que desenvolvem uma grande produção de alimentos livre de pragas. “No sistema hoje chamado de agronegócio é praticamente obrigado à utilização de defensivos, pois se planta culturas em grandes áreas, caso contrário, às pragas destroem as plantações, prejudicando a colheita e trazendo danos econômicos”, explica o gerente de produção vegetal do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), Pedro Jorge Benício. Visando combater práticas inadequadas do uso indevido de agrotóxicos, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado (IDAM), realiza os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) a agricultores familiares e produtores rurais que possuem plantios, das mais diversas hortaliças e frutíferas. O instituto tem capacitado técnicos e agricultores com objetivo de oferecer produtos de qualidade aos consumidores amazonenses, e de outros Estados brasileiros que recebem a produção do setor primário da região. Nas capacitações os agricultores são orientados, por meio de métodos teóricos e práticos, a utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI); adquirem conhecimentos sobre os produtos reconhecidos na legislação brasileira e os específicos para cada tipo de cultura, grau de intoxicação, efeito residual, carência e destinação correta das embalagens de agrotóxicos, além dos riscos oferecidos pelos defensivos quando utilizados de maneira incorreta. Um exemplo das boas práticas do uso de agrotóxicos no Estado é o Sistema Agropecuário de Produção de Citros (laranja, limão e tangerina), que conta com a participação de 15 citricultores que exercem as boas práticas do uso correto de defensivos. Nesse sistema o produtor só faz adubação do solo com análise de solo, só aplica agrotóxicos agrícolas mediante o monitoramento de pragas. Diferente do sistema comum quando o citricultor aplica defensivos seguindo um calendário pré-definido, ou seja, sem saber se a praga existe ou não. “No Sistema de Produção Agropecuária Integrada de Citros ele monitora o pomar e, só aplica o agrotóxico se houver praga, ou se ocorrer alguma praga que cause algum nível de dano econômico”, ressaltou Benício. A iniciativa do IDAM tem garantido produtos de qualidade na mesa dos consumidores, preservando acima de tudo, o meio ambiente. Tudo isso devido o acompanhamento de técnicos e engenheiros agrônomos, capacitados a atender os agricultores familiares, que tenham dúvidas mediante o manuseio de produtos químicos com alto grau de periculosidade, sanando também dúvidas quanto à legislação vigente no Brasil entorno dos agroquímicos. Segundo o engenheiro agrônomo do IDAM, Alfredo Pinheiro, normalmente são encontradas quantidades abusivas de agrotóxicos nas frutas e hortaliças que não passaram pelo processo de carência, ou seja, o intervalo de tempo mínimo entre a última aplicação de um agrotóxico e a colheita de um produto. A carência é variável em função de cada cultura, tipo do solo, agrotóxico, dose e clima. “Todo defensivo tem uma vida útil, se aplica agrotóxico, por exemplo, essa semana no abacaxi, então só se pode consumir o abacaxi trinta dias depois da aplicação. Durante o intervalo de trinta dias extingue-se o poder residual do defensivo”, pontuou Alfredo Pinheiro, que também relatou sobre as frutas vindas do Sul do país. “As frutas que a gente come aqui são exportadas do sul do país para região norte, uvas, maçãs e peras, elas vem com algum defensivo para conservar e evitar o ataque de fungos, então às mesmas devem ser bem lavadas por que o poder residual do defensivo ainda está presente em muitos casos. A dona de casa, Polyana Martins, garante que, na hora de escolher os alimentos, é preciso saber se eles foram produzidos com agrotóxicos, ou não. “Tenho crianças em casa e me preocupo com alimentação delas, creio que falta um selo para identificar os produtos de origem orgânica e produtos que utilizam agrotóxicos”, disse. É importante destacar que os defensivos agrícolas só são venenos quando utilizados de forma incorreta, caso contrário são remédios que ajudamagricultura aproduzir produtos de qualidade,livres de pragas. Receituário Agronômico Em 1989, foi regulamentado o uso de agrotóxicos no Brasil. A Lei Federal 7.802 dispõe sobre os mais variados aspectos e estabelece, por meio do artigo 13, que a venda de agrotóxicos e afins ao usuário seja feita através de receituário, prescrito por profissionais legalmente habilitados, salvo casos excepcionais. Embora, a determinação federal ainda não seja exigida no Estado, o Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Amazonas(Crea-AM) com o apoio da Associação dos Engenheiros Agrônomos trabalham para que o receituário comece a valer ainda este ano.