Idam discute Cadeia de Valor de Piaçava

Durante toda a manhã desta sexta-feira, 8, no auditório da Sepror/ Idam, o Diretor da Datef(Departamento de Asssistência Técnica e Extensão Florestal) Malvino Salvador, o Chefe de Departamento da Atef, Sérgio Gonçalves,o Secretário Executivo de Políticas Agropecuárias, Edson Barcelos , e colaboradores do Idam estiveram reunidos para a palestra proferida pelo pesquisador da Fundação Vitória Amazônia (FVA) Ignásio Oliete, que abordou como tema central “ A Cadeia Produtiva de Piaçaba no Alto Rio Negro”.

Baseados em pesquisas, experiências de campo e levantamento de dados, Oliete apresentou aos presentes sua dissertação de mestrado, que teve como foco central a análise das questões socioeconômicas e ecológicas inseridas nas atividades de extração , beneficiamento e comercialização da piaçaba para a produção de vassouras , tendo em vista o contexto histórico e a importância dessa atividade para a sobrevivência de comunidades e famílias extrativistas.
Ao longo da palestra, os participantes puderam conhecer mais a fundo a piaçaba, suas identificações biológicas e propriedades, tais como a fibra e o frutodessa palmeira. Há três espécies de piaçaba: a Leopoldina Piassaba Wallace (Amazonas, Rio Negro), Attalea Funifera Martius (Bahia) e Aphandra Natalia Barfod ( Acre). Para a produção da vassoura, a piaçaba mais usada pelos fabricantes é a encontrada na Bahia, sendo a palmeira do Amazonas, utilizada como produto secundário para a produção da vassoura.
Segundo dados apresentados pelo palestrante, o Amazonas representa cerca de 10% do mercado de produção da fibra da piaçaba, sendoo Estado da Bahiao maior produtor. Para Oliete isso se deve ao fato do Estado já estar cultivando a piaçaba de modo racional, havendo áreas específicas para o seu desenvolvimento e extração, fato este, que não ocorre no Amazonas, já que os coletores se deslocam para grandes distâncias em buscas das palmeiras.
Cerca de 1.500 famílias do município de Barcelos, localizado àmargem direita do Rio Negro , vivem da coleta da piaçava. Por ano são produzidos cerca de 1.431 toneladas de piaçava. Segundo Oliete, é de suma importância que políticas públicas sejam criadas para garantir o desenvolvimento de mecanismos que organizem e garantam os direitos dos envolvidos.
Analisando mais a fundo os cenários que compõem o processo de extração, beneficiamento e comercialização da piaçaba, Oliete e os participantes discutiram a cadeia comercial e as relações de poder entre os atores , e quais alternativas poderiam ser desenvolvidas para o beneficiamento, tanto das questões que envolvem o desenvolvimento de políticas sociais e econômicas, bem como novas alternativas para o uso da piaçava, que beneficiem e dinamizem a produção e exportação da piaçava.
Ao final da explanação, os participantes discutiram e propuseram sugestões para o desenvolvimento da metodologia Value Link, como ferramenta de apoio que beneficiará o mapeamento da cadeia de valor da piaçaba. “O grande desafio é transformar o extrativista em manejador”, afirmou o Chefe de Departamento da Atef, Sérgio Gonçalves. O Idam, a partir de seus serviços de Ater, juntamente com a FVA e a Emprapa, estarão durante este ano, discutindo e propondo mudanças para a criação de mecanismos que organizem de maneira homogênia os componentes da cadeia comercial da piaçava, tendo em vista o desenvolvimento econômico, social e ecológico da região do Alto Rio Negro.