Produtores de banana do Caribe buscam tecnologia da Embrapa no AM

Produtores de banana das ilhas Martinica e Guadalupe, ambas de território francês no Caribe, vêm a Manaus conhecer tecnologia desenvolvida pela Embrapa no Amazonas, para reduzir uso de agrotóxicos na produção de banana. O principal interesse é conhecer a técnica de controle químico da doença sigatoka negra por meio da aplicação de fungicidas em menor quantidade e em locais específicos (axila da segunda folha) da bananeira. Com essa finalidade os produtores caribenhos participam de atividades de capacitação realizadas pela Embrapa, no Amazonas, nos dias 13 e 14 de março. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto, explica que existe uma preocupação mundial com o uso de agrotóxicos, como fungicidas, nematicidas e inseticidas para controle de pragas na cultura da bananeira. Alguns países da América Central que se destacam na produção de banana para exportação chegam a aplicar mais de 70 pulverizações por ano contra a sigatoka negra. Com a técnica desenvolvida pela Embrapa é possível reduzir para três aplicações por ano e isso traz vantagens ambientais e econômicas em relação à aplicação aérea ou terrestre com pulverizadores, explica o pesquisador. Os produtores de banana das ilhas Martinica e Guadalupe que procuraram a Embrapa têm interesse em utilizar a técnica em bananas do tipo Cavendish. No Brasil, a técnica de aplicação de fungicida na axila foliar da bananeira vem sendo adotada por produtores de banana do subgrupo terra (que inclui a pacovã), pois este tipo de banana não tem ainda variedades com resistência à sigatoka negra. Alguns produtores do interior do Amazonas e de outros estados como Pará, Goiás, São Paulo, Acre e Paraná já utilizam a aplicação de fungicida na axila foliar. Para o controle da sigatoka negra em plantios de banana do tipo prata ou para ocupar o espaço deixado pela banana maçã, a Embrapa tem desenvolvido cultivares com resistência genética à sigatoka negra e outras doenças da bananeira, o que evita a aplicação de agrotóxicos. Uma dessas cultivares resistentes às doenças é a BRS Conquista.De acordo com os pesquisadores da Embrapa que desenvolveram a técnica de aplicação de fungicida na axila foliar da bananeira, uma das vantagens é a maior eficiência no controle da sigatoka-negra com redução significativa do número de aplicações. A técnica também evita a contaminação ambiental, pois o fungicida é colocado diretamente na planta, com o auxílio de um instrumento adaptado, não havendo problemas de deriva (desvio do produto pelo vento). Outra vantagem é que a técnica traz maior segurança ao operário que aplica o fungicida, pois a pessoa não fica exposta ao produto reduzindo o risco de intoxicações. Também foram feitas avaliações químicas nos frutos e não foram encontrados resíduos dos produtos nos frutos. Na programação da capacitação serão apresentadas informações sobre controle da doença sigatoka negra e instruções sobre o instrumento para aplicação do fungicida, que não é vendido no mercado, pois é uma adaptação de materiais, que inclui uma seringa de uso veterinário acoplada com uma mangueira de silicone e um cano metálico curvado. A técnica é de fácil acesso aos pequenos produtores. Os produtores caribenhos vão visitar duas áreas de produtores no Amazonas que utilizam essa técnica da Embrapa. Uma propriedade está localizada em várzea e outra em terra firme. Na terça-feira, 13, será visitada a propriedade do Sr.Francisco de Souza Ferreira, na localidade São Sebastião, na margem esquerda do paraná do Careiro da várzea. Na quarta-feira, 14, a visita técnica será no sítio São Francisco, de propriedade do Sr. Evaldo Rodrigues, localizado no km 2 do ramal Sulivan Portela com acesso pelo km 81 da rodovia AM-010, no município de Rio Preto da Eva. As atividades contam com a participação do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam).